Jardim dos Amigos

entre e fique a vontade,entre flores, músicas, reflexões e amizade *

3 de dezembro de 2007


MALEDICÊNCIA

Não fales mal de ninguém.

Toda pessoa não suficientemente realizada
em si mesma tem a instintiva
tendência de falar mal dos outros.

Qual a razão última dessa mania de maledicência?

É um complexo de inferioridade unido a um desejo de superioridade.

Diminuir o valor dos outros dá-nos a grata ilusão de aumentar o nosso valor próprio.

A imensa maioria dos homens não está em condições
de medir o seu valor por si mesma.

Necessita medir o seu próprio valor pelo desvalor dos outros.
Esses homens julgam necessário apagar as luzes
alheias a fim de fazerem brilhar mais intensamente a sua própria luz.

São como vaga-lumes que não podem luzir senão por entre as trevas da noite,
porque a luz das suas lanternas fosfóreas é muito fraca.

Quem tem bastante luz própria não necessita apagar
ou diminuir as luzes dos outros para poder brilhar.

Quem tem valor real em si mesmo não necessita
medir o seu valor pelo desvalor dos outros.

Quem tem vigorosa saúde espiritual não necessita
chamar de doentes os outros para gozar a consciência da saúde própria.

Falar mal das misérias alheias é um prazer tão sutil e sedutor - algo parecido com whisky, gin ou cocaína -
que uma pessoa de saúde moral precária
facilmente sucumbe a essa epidemia.

A palavra é instrumento valioso para o
intercâmbio entre os homens.

Ela, porém, nem sempre tem sido utilizada devidamente.

Poucos são os homens que se valem desse
precioso recurso para construir esperanças ,
balsamizar dores e traçar rotas seguras.

Fala-se muito por falar, para "matar tempo".

A palavra, não poucas vezes, converte-se em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência e em bisturi da revolta.

Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras
dirigem conflitos e resolvem dificuldades.

Falando, espíritos missionários reformularam
os alicerces do pensamento humano.

Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões,
enceguecidas, que se atiraram sobre outras nações,
transformando-as em ruínas.

Guerras e planos de paz sofrem a poderosa influência da palavra.

Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel.

Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio.

São enfermos em demorado processo de reajuste.

Portanto, cabe às pessoas lúcidas e de bom senso,
não dar ensejo para que o veneno da maledicência se alastre, infelicitando e destruindo vidas.

- Humberto Rohden -

1 Comentários:

  • Às 12:12 PM , Anonymous Anônimo disse...

    "Há quem pronuncie palavras doces, com lábios encharcados pelo fel."
    .

    Pois há e então devemos falar bem deles mesmo apesar de muito bom senso????!!!

     

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