ARITMETÁFORA
Luiz Poeta
Luiz Gilberto de Barros
Às 13 h e 19 min do dia 23 de agosto de 2008 do Rio de Janeiro
Na matemática do amor, o quociente
Silencioso observa o divisor;
Que é o frio numeral intransigente
Sempre adverso a todo multiplicador.
E nessa dízima de números avulsos
Que sempre pedem outros cálculos exatos,
A emoção que sobrevive dos impulsos
Do coração, tem resultados abstratos.
Eu sempre olho a razão como uma parte
Desse encarte de emoções e fantasias
Que a solidão constrói e a dor transforma em arte,
Quando meu sonho flui de algumas nostalgias.
Essencial, a luz do amor desce das frestas
Que a razão deixa nos vãos da minha dor
E se irradia nas estrias mais honestas
Que a tristeza traça no meu desamor.
Meu coração conta nos dedos as parcelas
De cujas somas, o produto racional
Não é um número... é o amor... repousa nelas
As aquarelas do meu mundo emocional.
Na aritmética da vida, o resultado
Satisfatório é a conscientização
De que o respeito pelo próximo é somado
À alegria...quando a dor é divisão.
Há que sonhar, há que viver, há que somar
Os sentimentos com os sonhos conscientes,
E dividir, no coração, o que sobrar,
Quando a razão nem quer saber dos quocientes.
Cada pessoa especial que nós amamos
Não representa um algarismo opcional,
Que se transforma em numeral, se a comparamos
Com quem julgamos ser bem mais original.
Nosso destino imprevisível redecora
Os ambientes, quando a dor substitui
Cada ponteiro racional que marca a hora,
Quando, no tempo, o sentimento é que flui.
Cada amigo de verdade representa
Em nossas vidas, uma bênção divinal
De cuja essência nossa alma se alimenta
Pois nosso amor jamais será um numeral.